sexta-feira, 8 de julho de 2016

Cap 7 - Como triunfar em meio ao fracasso

Cap. 7

Como Triunfar em meio ao fracasso

Pode ser que o esforço de Timóteo não valesse uma nota muito alta, mas francamente, seu fracasso merecia um 10.
Você conhece a sensação. É provável que você se lembre de, cabisbaixo, entrar em casa com notas vermelhas no boletim, ou com um “insuficiente”; pôr o boletim sobre a mesa por baixo do jornal, na esperança de que ninguém preste atenção àquele papel. Ou, é como datilografar uma carta importante para o patrão, relendo-a com cuidado, e depois apresentá-la com orgulho para ser assinada. O patrão a lê e acha erros graves. É este o sentimento do fracasso.
É claro que há circunstâncias atenuantes. Em todo fracasso parece sempre  haver circunstâncias atenuantes.

Corinto

Em primeiro lugar, é preciso entender esta cidade. Corinto é o que se poderia chamar de circunstância atenuante. Se comparássemos Atenas ao Rio de Janeiro, por causa da sua história, educação e cultura, então Corinto seria comparada com São Paulo.
A população da cidade devia estar em torno de meio milhão de habitantes, mas os coríntios raramente paravam no mesmo lugar o tempo suficiente para ser recenseados. De qualquer forma, Corinto tinha menos de 100 anos, e crescia como um adolescente. De certo modo, era uma cidade mais romana que grega; para ser mais exato, era uma cidade que em tudo era mais do que as outras.
Corinto era uma cidade de marinheiros, uma cidade aberta, um porto marítimo comercial e uma cidade de trânsito, conexão entre o Leste e o Oeste, uma cidade cosmopolita e amante dos esportes. Era conhecida em todo o mundo pelos seus jogos Ístmicos. Qualquer pessoa que passasse nas suas ruas ouviria uma das línguas diferentes.
A 80 km a oeste de Atenas, e a 80 km a leste de Delfos, Corinto tinha inveja de ambas, achando que tinha a sabedoria de Atenas e o prestígio religioso de Delfos, mas não possuía nada disso.
Como diz E. M. Blaiklock: “Viciado, próspero, sem raízes profundas de tradição, o povo de Corinto tinha a tendência, com a facilidade das comunidades imigrantes, de aderir aos vícios ao invés de às virtudes da sua nova terra adotiva.”
Os Jogos Ístmicos, dos quais o povo de Corinto tanto se orgulhava, não ofereciam coroas de louros aos vencedores, mas coroas feitas de talos de aipo silvestre. Não admira que Paulo tenha escrito aos coríntios que não procurassem uma “coroa corruptível” (I Coríntios 9:25).
Quando Timóteo, o jovem da pequena cidade de Listra chegou a Corinto, Paulo já tinha pregado ali havia algumas semanas. Como sempre, Paulo começou a pregar na sinagoga local. Mas logo depois que Timóteo chegou, Paulo foi de lá expulso. Ele se mudou para a casa ao lado, para a casa de um dos seus novos convertidos e continuou a pregar.
Pode-se bem imaginar a reação dos líderes da sinagoga. Outro motim. Como sempre.
Desta vez, entretanto, Gálio, o governador da província, irmão do famoso filósofo romano Sêneca, percebeu as manobras nas acusações forjadas pelos líderes da sinagoga. E o resultado foi que Paulo, Silas e Timóteo puderam continuar a obra evangelística em Corinto.

Três estímulos

Mas não foi fácil. Às vezes, parecia que todo o trabalho ia por água abaixo. Certa vez, logo depois de terem sido expulsos da sinagoga, Deus deu a Paulo uma visão especial e disse-lhe que não tivesse medo “pois tenho muito povo nesta cidade” (Atos 18:10). É bem provável que Timóteo também precisasse desse ânimo.
Às vezes o desânimo vem porque não conseguimos ver tão longe quanto Deus. É como dirigir um carro na neblina. É perigoso seguir em frente, e é perigoso parar. Oramos e nada acontece. Trabalhamos e as coisas ficam piores. Nessas horas gostaríamos que Deus nos desse uma visão como a que deu a Paulo.
Paulo fora enviado por Deus à Macedônia onde estavam as cidades de Filipos e de Tessalônica, mas não recebeu ordens para ir a Acaia onde se localizavam as cidades de Atenas e de Corinto. Ele achava que havia sido constrangido a isso por obstáculos satânicos que o impediam de voltar à Macedônia. Por este motivo, mesmo pregando e fazendo tendas em Corinto, seu coração ainda estava em Tessalônica.
A visão não tinha apenas a finalidade de encorajar Paulo, mas também assegurar-lhe que estava no lugar certo. Paulo precisava da certeza de estar no centro da vontade de Deus.
A segunda fonte de ânimo para Paulo foi a volta de Timóteo e Silas das suas viagens ao norte. Os dois não somente o estimularam com as boas notícias trazidas, como também assumiram alguns encargos, possibilitando-lhe devotar mais tempo à pregação e ao ensino, deixando de lado a fabricação de tendas.
A fabricação de tendas nos leva à terceira fonte de estímulo: Priscila e Áquila, um incomparável casal que surgia súbita e inesperadamente em lugares estratégicos durante as viagens missionárias de Paulo. Alguns estudiosos do Novo Testamento sugerem que eles possuíam uma cadeia de lojas de tendas em Roma, Corinto e Éfeso. Expulsos de Roma pelo imperador Claudio, Priscila e Áquila refugiaram-se em corinto logo depois de Paulo ter ido para lá. Por certo eles informaram a Paulo sobre a situação da igreja cristã de Roma. Além disso, deram-lhe emprego e companheirismo, duas coisas que ele tanto precisava.
Geralmente Deus não nos dá visões para animar-nos; mais frequentemente ele nos manda pessoas com Timóteo e Silas, como Priscila e Áquila, para nos darem o estímulo necessário nas nossas horas de desânimo.
Timóteo havia viajado muito neste último ano e meio, e provavelmente precisava de um descanso. Apesar dos problemas e desânimos, entretanto, a estada em Corinto tornou-se uma das mais longas de Paulo, um total de 18 meses. Durante todo este tempo, Timóteo observava o rápido crescimento da igreja. Embora Corinto fosse a pocilga moral do mundo antigo, a igreja tornou-se uma das maiores do período primitivo. Havia, portanto, muita coisa para Timóteo fazer. Por exemplo, Paulo mencionou que ele pessoalmente batizou apenas umas poucas pessoas dentre os convertidos de Corinto (I Coríntios 1:14). Isso quer dizer que a maioria dos batismos foi realizada por Silas e Timóteo.

Viagens Missionárias

Foi, provavelmente, na primavera do ano 52 da nossa era cristã que Paulo, Timóteo e Silas concluíram sua viagem missionária. Mais ou menos três anos tinham se passado desde que Timóteo se reunira a Paulo e a Silas em Listra. Começou com 19 anos e agora tinha 22. Durante estes três anos ele muito se desenvolveu.
De volta ao ponto de partida, a equipe parou em Éfeso era a última cidade importante do Mar Egeu onde não tinham ainda fundado uma igreja. Paulo já devia ter em mente uma terceira viagem missionária que focalizaria Éfeso. A fim de preparar uma base para sua próxima incursão missionária, ele deixou Priscila e Áquila em Éfeso e, juntamente com Silas, tomou um navio e se dirigiu para a Palestina.
Não se sabe se Timóteo os acompanhou. Tenho a impressão de que ele aproveitou essa folga missionária para voltar a Listra e passar uns tempos com a mãe e com a avó.
Naquele outono, o apóstolo Paulo passou novamente pelas cidades gálatas a caminho de Éfeso e provavelmente apanhou Timóteo em Listra. Desta vez Silas não veio com Paulo, de modo que Timóteo, aos 22 anos, tornou-se o principal companheiro de Paulo. Quando chegaram a Éfeso, Priscila e Áquila esperavam por eles.
Durante três anos mais ou menos, Paulo trabalhou em Éfeso, passando por situações difíceis. Parte dos problemas enfrentados encontra-se em Atos 19, mas Lucas deixou de incluir alguns dos problemas “menos importantes” em Éfeso: lutas com feras (I Coríntios 15:32), aprisionamento (Romanos 16:7; 2 Coríntios 11:23-27), Priscila e Áquila “arriscando-se por ele” (Romanos 16:4), e perigo de morte (2 Coríntios 1:10).
Não sabemos que participação Timóteo teve nesses problemas; mas, como o segundo homem da organização,podemos ter a certeza de que ele podia dizer como Paulo: “...a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida” (2 Coríntios 1:8).
Barnabé tinha acompanhado Paulo em apenas uma viagem. Silas também em somente uma. Mas aqui estava Timóteo, o rapaz de estômago fraco, indo para a segunda.
É claro que ele poderia ter mudado de opinião em Éfeso. Afinal, não foi isso que João Marcos fez? E João Marcos não tinha sofrido nem a décima parte do que Timóteo enfrentou. Além do mais, Éfeso não ficava tão longe da sua casa. Timóteo podia facilmente ter-se unido a uma caravana de camelos e chegado a casa em poucos dias. Mas não o fez, embora muitas vezes ele possa ter se sentido esmagado e oprimido.
As epístolas dão-nos a impressão de que Timóteo teria feito duas ou três longas viagens durante o tempo em que Paulo permaneceu em Éfeso. A mais significativa, porém, foi aquela que terminou em fracasso, tendo a participação da desordeira cidade de Corinto. Para compreender o que Timóteo enfrentou, é necessário encaixar tudo o que se refere à igreja de Corinto na correspondência de Paulo. E “encaixar” é realmente a expressão correta, porque é quase um quebra-cabeça.

Cartas aos coríntios

É provável que Paulo, num período de três anos, tenha escrito quatro cartas à igreja de Corinto (podem ter sido cinco). Alguns eruditos classificam estas cartas de A, B, C e D ( e possivelmente E). Temos duas delas, cartas B e D, às quais chamamos de Primeira e Segunda aos Coríntios; mas é possível, segundo alguns estudiosos do assunto, que a Segunda aos Coríntios seja realmente C e D combinadas. Se assim for, temos três das quatro ou cinco cartas.
Se os eruditos estão um pouco confusos a esse respeito, não há por que ficarmos atrapalhados se as partes não se ajustarem perfeitamente. É bem provável que para Timóteo as coisas também não estivessem muito claras.
Não se sabe como Paulo ouviu pela primeira vez que havia problemas em Corinto, mas a cidade ficava do outro lado do Mar Egeu e as notícias se propagavam entre as duas cidades. Com bom tempo, a viagem por mar, levava dois ou três dias.
Na sua carta A (I Coríntios 5:9 refere-se a ela), Paulo preveniu-os contra a imoralidade, mas Paulo deve ter achado que os coríntios precisavam mais do que uma carta e despachou Timóteo para Corinto. Timóteo deve ter viajado em semicírculo assim passando por Filipos e Tessalônica a caminho de Corinto (I Coríntios 4:17 e 16:10). Sendo uma viagem por terra de algumas centenas de quilômetros deve ter durado de dois a três meses.
Parece que a carta A de Paulo não deu muito resultado. Pelo menos foi o que “os da casa de Cloe” (I Coríntios 1:11) disseram a Paulo ao chegarem à sua casa em Éfeso. Não somente relataram a imoralidade, como também contaram que a igreja se estaa fragmentando em partidos, e que se contestava a autoridade de Paulo.
Não demorou muito e chegaram outros três membros da igreja de Corinto contando mais infortúnios. Estes três, provavelmente, trouxeram uma carta com perguntas sobre assuntos que perturbavam os coríntios.
Como resposta, Paulo escreveu a carta B, que conhecemos por Primeira Epístola aos Coríntios.  Sabemos que Timóteo já tinha deixado Éfeso, porque Paulo não o incluiu na saudação (I Coríntios 1:1).
Ao escrever aos coríntios, Paulo tentou preparara o terreno para a visita de Timóteo. Lembrou aos coríntios (I Coríntios 4:14-17) que eram seus filhos na fé, e deveriam, portanto, acatar o seu ‘pai espiritual”. Timóteo também era um filho na fé e fiel ao Senhor, um exemplo que Paulo esperava que seus filhos em Corinto imitassem. Timóteo foi mandado por Paulo especialmente para instruir os coríntios na conduta moral, estilo de vida que Paulo tinha apresentado a todas as igrejas por ele fundadas.
Quase no fim da epístola, Paulo diz aos coríntios que logo irá visitá-los, e mandava Timóteo à sua frente. “vede que esteja sem receio entre vós”, escreveu Paulo (I Coríntios 16:10). Paulo não temia tanto pela segurança física de Timóteo, quanto pela sua segurança psicológica. “Façam-no sentir-se em casa” disse Paulo, “pois ele está fazendo a obra do Senhor tanto quanto eu” (I Coríntios 16:10, A Bíblia Viva).
Os problemas da igreja de Corinto eram de assustar qualquer um, e com certeza Timóteo não sabia que estava mexendo em “casa de marimbondo’. Ele não tivera problema na sua missão de solucionar os impasses da igreja de Tessalônica porque eles aceitaram a autoridade de Paulo e sabiam que Timóteo era o fiel companheiro do apóstolo.
A situação da igreja de Corinto, porém, era diferente. Muitos dos seus membros contestavam o direito de Paulo dar-lhes ordens; por que iriam eles atender às palavras do jovem Timóteo?
Como diz William LaSor: “Paulo mandara Timóteo a Corinto a fim de cuidar de graves dificuldades naquela igreja, dificuldades de natureza moral, doutrinária e administrativa. Ao ler as epístolas aos coríntios, descobre-se o quanto os problemas eram complexos.”
A igreja não estava apenas dividida em quatro minidenominações; sofria também a influência de libertinos, de legalistas, de filósofos e de místicos, todos interpretando a mensagem de Cristo de um modo diferente. E todos eles pareciam intensamente orgulhosos, (“ensoberbecidos”) de suas interpretações singulares.
Se o povo chegou a ouvir a Timóteo, não o sabemos. O certo é que ele fracassou.
Diz LaSor: “Ele fracassou não por falta de habilidade, mas por falta de experiência; somente pelo fato de ser jovem demais. A igreja de Corinto desprezou a sua mocidade e foi hostil porque o próprio Paulo não tinha vindo visitá-los.”
Parece que Timóteo havia piorado a situação ao invés de melhorá-la. Timóteo então relatou a Paulo as más e tristes notícias.
Desde que encontrara Paulo, Timóteo andara envolvido em coisas maiores do que sua própria capacidade. Estava sempre avançando em águas mais fundas do que podia.
Pode ser que Paulo já tivesse despachado Timóteo para as igrejas da macedônia e de Corinto antes de perceber a enormidade dos problemas em Corinto. Talvez ele não soubesse estar mandando Timóteo para um ninho de vespas. Timóteo dera-se bem no seu trato diplomático com a igreja de Tessalônica. Por que não se daria bem em Corinto, onde Paulo passara 18 meses pregando e ensinando a Palavra de Deus?
Quando Timóteo voltou dizendo que fracassara, Paulo ficou enfurecido, não com Timóteo, mas com os coríntios.
Muitos estudiosos acham que o próprio Paulo fez-lhes uma curta visita, a “visita dolorosa” a fim de resolver os problemas (2 Coríntios 2:1, A Bíblia Viva). Evidentemente, até isso foi insatisfatório e ele teve de escrever uma carta enérgica ( a carta c) e mandá-la por Tito. Mas parece que ele mudou de ideia: Talvez eu tenha sido muito severo. Será que reagi emocionalmente pela maneira indigna de tratarem Timóteo? Ao invés de endireitar algo, esta carta pode ter arruinado tudo. Pode até romper completamente o meu relacionamento com a igreja de Corinto.
Evidentemente, Paulo pediu que Tito se encontrasse com ele em Trôade, mais ou menos a 160 km ao norte de Éfeso. Mas quando Paulo e Timóteo chegaram a Trôade, Tito não estava lá. Nesta altura, tanto Paulo quanto Timóteo devem ter-se sentido um fracasso. O fato de Tito não ter voltado na época em que era esperado devia significar que a carta C não havia ajudado a desembaraçar a situação em Corinto.
Houve oportunidade de evangelizar em Trôade, mas Paulo não conseguiu aproveitar-se dela. Não tinha paz de espírito (2 Coríntios 2:13). Assim, Paulo e Timóteo prosseguiram viagem até Filipos da Macedônia, ainda preocupados por não terem noticia alguma de Tito. O relato de Paulo é bem claro: “Porque chegando nós à Macedônia, nenhum alívio tivemos; pelo contrário, em tudo fomos atribulados: lutas por fora, temores por dentro” (2 Coríntios 7:5).
Se foi esta a reação de Paulo, que mais tarde escreveu à igreja filipense: “Não se aflijam com nada” (Filipenses 4:6, A Bíblia Viva), imagine o que Timóteo deve ter sentido.
R. V. G. Tasker, comenta sobre a Segunda Epístola aos Coríntios: “A natureza humana está sujeita a pressões e tensões, as quais repercutem tanto mental, quanto fisicamente; e tais tensões são mais sentidas por almas supersensíveis como a de Paulo.”

Sucesso com cartas

Então Tito chegou. Sobre esta chegada oportuna, Paulo escreve mais tarde: “Porém Deus, que conforta os abatidos, nos consolou com a chegada de Tito; e não somente com a sua chegada, mas também pelo conforto que recebeu de vós, referindo-nos a vossa saudade, e vosso pranto, o vosso zelo pro mim, aumentando assim meu regozijo” (2 Coríntios 7:6-7).
A carta C havia atingido o seu objetivo. Tito também. Paulo e os coríntios estavam em harmonia. E agora Paulo estava satisfeito de haver mandado aquela carta: “Porquanto ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta vos contristou por breve tempo), agora me alegro, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo deus, para que de nossa parte nenhum dano sofrêsseis (2 Coríntios 7:8-9).
Foi por causa da sua alegria que Paulo escreveu a carta D, que é chamada 2 Coríntios.
É surpreendente que no começo da carta, Paulo tenha escrito: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus e o irmão Timóteo.”
Por que não Paulo e Tito? Tito acabava de voltar com as boas notícias; Tito foi a pessoa que restabeleceu o relacionamento com os coríntios; Tito é que foi bem-sucedido na sua missão.
Claro que Paulo apreciou o que Tito havia feito. Daqui por diante, Tito passou a aparecer cada vez mais no quadro do Novo Testamento.
Mas Paulo escreveu “Paulo e Timóteo”. Paulo estava provavelmente ditando a carta a Timóteo, seu secretário de correspondência.
O fracasso de Timóteo não o desalojou do seu lugar na equipe de Paulo. Incluindo Timóteo no começo da sua carta, Paulo também recordou esse fato aos coríntios.
Por que Tito foi bem sucedido quando Timóteo fracassou? Talvez a carta C escrita por Paulo, com sua forte admoestação, tenha ajudado os coríntios a mudar de atitude. Também como William LaSor afirma: “Tito era, provavelmente, um pouco mais velho do que Timóteo e tinha alguns anos mais de experiência. É possível que ele tivesse certas qualificações pessoais que faltavam a Timóteo como, por exemplo, autoconfiança e audácia. Pode até haver acontecido que Timóteo, consciente ou inconscientemente, tivesse preparado o caminho para Tito; os coríntios tiveram tempo de arrepender-se da maneira pela qual trataram Timóteo e podem ter resolvido portar-se com Tito de um modo mais cristão”.

Fracasso e Sucesso

Quando há fracasso, é bom examinar as suas causas; mais importante, porém, é determinar o que fazer em seguida.
No caso de Timóteo, seria perdão. Ao colocar Paulo o nome de Timóteo no começo da Segunda Epístola aos Coríntios, quer dizer que Timóteo concordava com os dizeres de Paulo: “... porque já vos tenho dito que estais em nossos corações para juntos morrermos e vivermos” (2 Coríntios 7:3).
O fracasso é desencorajador, mas não é necessariamente um sentimento definitivo. É preciso continuar. No caso de Timóteo, queria dizer que ele tinha de voltar a Corinto, onde fora mal recebido. Para o estudante, isto pode significar que precisa repetir o ano todo. Para um atleta vaiado por milhares de fãs, é voltar à raia e enfrentar novamente a multidão com a possibilidade de ser vaiado de novo.
O forte de Timóteo, entretanto, nunca foi o sucesso, mas a fidelidade. Deus não lhe prometeu uma medalha de ouro; simplesmente pediu-lhe que fosse fiel.
Atualmente, muitos cristãos têm medo do fracasso. Por isso não se arriscam muito. O sucesso tornou-se um deus, e queremos ser bem-sucedido em tudo o que fazemos. Como resultado, procuramos esconder os fracassos. Achamos que e vergonha não ser bem sucedido em tudo. Nossa vida torna-se falsa à medida que tentamos projetar uma imagem totalmente vitoriosa.
Jesus contou a história de um homem que tinha três servos, e que deu a cada um parte dos seus bens. A um deu cinco talentos; a outro dois talentos; e ao terceiro, um.
Os que receberam cinco e dois talentos não tiveram medo do fracasso. O que recebeu somente um talento, nada fez com ele, e disse: “Receoso, escondi na terra o teu talento” (Mateus 25:25).
G. Don Gilmore diz: “O de que precisamos atualmente não é outra filosofia de como ser bem-sucedido; precisamos antes, aprender como fracassar criativamente.” Os grandes homens tornaram-se grandes mais pelos seus fracassos do que pelos seus sucessos.
Talvez Abraão Lincoln seja o exemplo mais conhecido. Foi um fracasso nos negócios; foi um fracasso na advocacia; não conseguiu ser eleito ao poder legislativo estadual. Foi impedido na sua tentativa de ser diretor do Cartório Geral de Registro de Terras. Foi derrotado nos seus esforços para a Vice-presidência e para o Senado. Mas não deixou que o fracasso lhe arruinasse a vida. Nem permitiu que o fracasso o deixasse revoltado contra as pessoas.
De certa forma, até Jesus Cristo parece ter fracassado. “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1:11). Como declara Gilmore: “A sua família não o compreendeu; as autoridades religiosas odiavam-no; a liderança política lhe era contrária; seus amigos o abandonaram; um discípulo o traiu; partidários corajosos negaram-no; a sua congregação cuspiu nele, e arremessou-lhe pedras; seus inimigos o crucificaram. Morreu numa cruz ignominiosa, e até parecia que Deus o desamparou.”
Segundo as aparências, foi um fracassado.
Mas é por meio dele que somos mais do que vencedores. Ele é que foi exaltado nos lugares celestiais e quem recebeu um nome que está acima de todo nome. É ele que sempre nos faz triunfar.
O nosso relacionamento com Jesus Cristo ajuda-nos a colocar a vida numa perspectiva correta. Ajuda-nos a ver que os fracassos são sempre de curto prazo. Na realidade, Timóteo fracassou numa tarefa a curto prazo, mas tinha sido fiel; e essa fidelidade assegurou-lhe sucesso a longo prazo.
A vida teria sido bem mais fácil se Paulo e Timóteo não tivessem começado a ensinar em Corinto. Qualquer pessoa podia ver, quando eles chegaram ali, que a cidade estava saturada de encrencas. Qualquer igreja ali fundada teria de resultar em contínuos sofrimentos e pesares.
E mandar que Timóteo voltasse a Corinto foi insensatez. Era mais do que certo que ele fracassaria. Era uma missão impossível. Só ia trazer-lhe angústia.

Então, por que Paulo tentou conquistar Corinto para Cristo? Porque o Senhor colocou esta idéia no seu coração?

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