Cap.
4
Para
Onde Vamos Daqui
Timóteo, por que você vai associar-se
a Paulo? Você está procurando encrencas. Há quanto tempo o conhece? Há três ou
quatro anos? E o que aconteceu durante esse tempo?
Lembra-se da primeira vez que o
encontrou? Ele foi apedrejado, arrastado para fora da cidade, e deixado como
morto. É isto que Oe quer que lhe aconteça em cada cidade aonde for?
Lembra-se do que aconteceu logo depois
que Paulo partiu? Ele foi difamado, mal-interpretado e as suas palavras foram
deturpadas. Em sua carta, ele disse que tinha receio de ter sido vão o seu
trabalho. É isso o que você quer da vida? Pode parecer fascinante visitar
cidades estrangeiras e culturas diferentes, mas se fizer mais inimigos que
amigos, que bem haverá? O que você espera conseguir?
E não se esqueça de como você é,
Timóteo. Você não é o tipo machão; você é muito ligado à sua avó. Você está
mergulhando mais fundo do que pode, Timóteo. Seria melhor você ficar por aqui
mesmo e tornar-se um presbítero na igreja de Listra. Há muito trabalho de Deus
por aqui, você sabe.
E Eunice e Lóide, você não acha que
elas precisam de você? Estão ficando velhas e agora precisarão de você mais do
que nunca. Você podia tornar-se um comerciante e progredir em Listra. Se você
tiver sonhos mais altos, poderá mudar-se para Icônio e estabelecer-se aí.
Não, Timóteo, não faz sentido você ir
com Paulo, sabe Deus para onde.
Conselho
a Paulo
Paulo, não faz sentido algum você
escolher Timóteo como auxiliar. Lembra-se da última vez que fez isso? Barnabé
levou junto o seu sobrinho na primeira viagem missionária e, logo que
apareceram algumas dificuldades, João Marcos o abandonou. Está disposto a
passar por isso de novo?
E não foi só isso, Paulo, o conflito
estragou uma linda amizade entre você e Barnabé. Você decidiu que nesta viagem
missionária não levaria um rapaz jovem como Marcos. Seria melhor levar um
amadurecido veterano como Silas.
Agora, mal começada a viagem, você
convida o jovem Timóteo a ir com vocês;
ele é mais jovem do que Marcos. Paulo, isso não faz sentido.
Além disso, olhe para Timóteo. Ele não
é nem um atleta olímpico, você sabe disso muito bem. Ao chegar a Icônio, já
deve estar com bolhas nos pés. No que acha você que Timóteo pode ajudá-lo? Se
ele ficar com saudades de casa, será mais um problema para você enfrentar.
Não, Paulo, isso parece das coisas
mais arriscadas que você já fez, e olhe que você tem enfrentado riscos enormes.
Uma
mensagem a compartilhar
Era o ano 49 da nossa era. Mais do que
dois anos depois da primeira viagem missionária de Paulo. Ele já estava perto
dos 50; Timóteo tinha quase 19.
O mínimo que se pode dizer sobre estes
dois últimos anos é que tinham sido cheios de acontecimentos. Paulo não somente
enfrentou a heresia dos gálatas com a sua epístola severa, mas foi em seguida
com Barnabé até Jerusalém (Atos 15) para uma reunião de cúpula com os líderes a
fim de tratar dos mesmos problemas. Embora aceitando os pontos de vista de
Paulo, aqueles líderes pediram aos gentios recém-convertidos que se abstivessem
de certas práticas particularmente desagradáveis aos judeus.
Além do mais, para resolver quaisquer eventuais
problemas, eles prepararam um decreto apostólico e pediram a Paulo que o
fizesse circular entre as novas igrejas.
Foi provavelmente com grande alívio
que Paulo e Barnabé voltaram para Antioquia. O caso tinha sido bem resolvido;
agora podiam voltar ao trabalho.
Quando a igreja de Antioquia recebeu a
mensagem da igreja de Jerusalém, todos se alegraram; a unidade tinha sido
restaurada no corpo de Cristo. A igreja estava em paz. O assunto que a dividira
por alguns anos estava finalmente resolvido.
Não demorou muito para que Barnabé e
Paulo sentissem que era hora de espalhar as boas notícias a todas as novas
igrejas, que eles tinham estabelecido dois ou três anos antes: Jerusalém e
Antioquia estão de acordo; Pedro e Paulo estão de acordo. Judeus e gentios são
um em Jesus Cristo; ambos os povos encontraram a salvação da mesma maneira. –
(Veja Atos 15:23-29).
Então surgiu um problema. Sem
importância, realmente.
Barnabé queria dar ao sobrinho uma
segunda oportunidade. Barnabé era o tipo de homem de coração bondoso, sempre
pronto a arriscar-se pelos outros. Aos antes, ele se havia arriscado por um
novo convertido chamado Saulo. A igreja cristã de Jerusalém assustava-se até ao
ouvir o nome de Saulo, mas Barnabé estava pronto a se arriscar e aceitar o fato
de Saulo ser realmente um irmão e m Jesus Cristo conforme afirmava. O resto da
história já conhecemos.
Agora Barnabé queria dar a Marcos uma
segunda oportunidade. É claro que sendo marcos um parente, os motivos podiam
estar um tanto distorcidos. Como saber?
Paulo, porém, foi taxativo: “Esta é
uma viagem missionária, não um projeto de reabilitação. Marcos teve uma
oportunidade, e jogou-a fora. Os objetivos são altos demais para que se
arrisque o êxito desta expedição missionária.”
Cristão
contra cristão
Durante séculos, tem-se discutido
sobre a possibilidade de erro de Paulo ou Barnabé. Talvez ambos estivessem
errados. Ou talvez ambos estivessem certos.
Agora, quase 2000 anos depois, isso
faz pouca diferença, mas podemos aprender duas coisas decorrentes do episódio:
1. O
diabo não gosta de união.
Justamente quando toda a igreja estava unificada sobre o modo da salvação, os
dois líderes missionários tiveram uma desavença e se separaram.
2. Deus
pode realizar os seus propósitos seja como for. É surpreendente que Deus tenha posto
em prática o versículo 28 do capítulo 8 de Romanos, para o bem de todas as
pessoas envolvidas. Uma desavença entre dois líderes cristãos não é uma boa
coisa; todavia, Deus pode anular o mal.
Por causa da discórdia formaram-se
dois grupos missionários ao invés de um. Marcos, o pivô da desavença, foi
recuperado enquanto trabalhava com o seu paciente tio e tornou-se mais tarde um
valioso companheiro do apóstolo Paulo (Colossenses 4:10; Filemom 24; 2 Timóteo
4:11). E, naturalmente, se Marcos tivesse acompanhado Paulo na segunda viagem
missionária, não haveria necessidade de Timóteo fazer parte do grupo.
O companheiro inseparável de Paulo na
segunda viagem foi Silas, membro da igreja de Jerusalém e uma escolha
estratégica.
Se ainda persistirem algumas dúvidas
entre os gálatas sobre a necessidade de seguir as práticas do Antigo
Testamento, Paulo podia apresentar o decreto de Jerusalém, assinado e selado
por Tiago, Pedro e os outros. E tinha também ao seu lado um membro da igreja de
Jerusalém: “Se vocês não acreditarem em mim,” poderia Paulo dizer, “poderão
acreditar em Silas.”
Talvez fosse Silas quem redigiu o
decreto de Jerusalém, porque o estilo é muitíssimo semelhante ao das duas
Epístolas aos Tessalonicenses que Silas escreveu, como secretário de Paulo.
Paulo e Silas não seguiram a mesma
rota de Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária. Naquela viagem, Paulo e
Barnabé foram primeiro a Chipre por ser a terra natal de Barnabé. Parece que,
ao se separarem, Paulo e Barnabé dividiram o território a ser percorrido.
Barnabé e Marcos iriam a Chipre; Paulo e Silas iriam à Galácia.
Portanto, desta vez é provável que
Paulo tenha passado pela sua cidade natal, tarso, atravessado a cadeia de
montanhas do Tauro pelos Portões da Cilícia em direção a Derbe e Listra, onde
se localizavam as igrejas gálatas mais ao leste. Em Listra, Paulo convidou
Timóteo para se unir a eles.
Mas
por que Timóteo?
Investiguemos as possíveis razões de
Paulo ter escolhido Timóteo. O motivo mais evidente nas Escrituras é que os
cristãos de Listra e Icônio falavam bem de Timóteo. Numa época em que os
presbíteros eram idosos e ninguém abaixo dos 30 anos era digno de se fazer
ouvir, era extraordinário que falassem bem de Timóteo.
Parece-me que vários fatores levaram
Paulo a convidar Timóteo.
1.
Timóteo
tinha boa conduta, não somente na sua cidade de Listra, como também na vizinha
Icônio, a uns 30 km de distância. Em dois ou três anos ele tinha chamado a
atenção dos líderes da igreja como um jovem de extraordinária fidelidade. Tinha
permanecido firme à mensagem que Paulo pregara.
2.
Uma
palavra profética confirmou Timóteo como uma boa escolha (I Timóteo 1:18).
Silas era profeta e é bem possível que foi ele quem indicou Timóteo.
3.
Não
há dúvida de que Paulo percebeu a oportunidade de levar um jovem como Timóteo.
Parte judeu e parte gentio, ele era o símbolo da integração de métodos que
caracterizava o ministério de Paulo. Timóteo conhecia o Antigo Testamento
tendo-o aprendido com a mãe e podia, portanto, ajudar na educação dos novos
convertidos. Tendo crescido numa cidade gentia, não lhe seria difícil
misturar-se com os gentios, como o seria para um judeu como Silas. Trinta anos
mais jovem do que Paulo, Timóteo representava uma nova geração de cristãos.
Pondo-o na sua equipe, Paulo teria representante de três igrejas: Jerusalém,
Antioquia e Galácia.
4.
Paulo
também deve ter reconhecido a necessidade de Timóteo de que se exigisse algo
dele. Permanecendo em Listra, poderia facilmente tornar-se um homem sem
confiança em si próprio. Timóteo precisava ser transplantado para um vaso maior
a fim de desenvolver raízes mais fortes e mais profundas.
Certamente Paulo reconheceu as
limitações de Timóteo; a desagradável experiência com João Marcos ainda estava
muito recente. Embora o fato de ter um homem a mais na equipe multiplicasse os
problemas de inter-relacionamento, o positivo pesava mais que o negativo; os
prós eram mais importantes que os contras.
Assim, Timóteo foi convidado. Uma
decisão baseada em considerações humanas e apoiada no discernimento espiritual.
Uma boa maneira de se tomar qualquer decisão.
Por
que ir com Paulo?
E quanto a Timóteo? A decisão não era
só de Paulo; também o era de Timóteo.
Muitos pastores recusam o convite de
muitas igrejas. Muitas pessoas se oferecem para um emprego e são rejeitadas. Ambos
os lados precisam sentir o mesmo chamado.
Que fatores poderão ter levado Timóteo
a unir-se a Paulo e Silas? As Escrituras não revelam a mente de Timóteo nesse
assunto, mas podemos conjeturar algumas considerações que talvez o tenham
influenciado.
1. O
encorajamento de amigos. Dificilmente
Timóteo poderia reconhecer sua própria capacidade e suas próprias fraquezas. Mas
o estímulo de parte dos irmãos de Listra e Icônio devem tê-lo animado.
2. O
convite do próprio Paulo.
Às vezes é necessário criar nossas próprias oportunidades, mas geralmente uma
porta aberta leva a uma decisão. É provável que Timóteo tenha sentido que Deus
lhe abria uma porta para o serviço.
3. A
palavra profética.
Não há dúvida de que a Palavra profética foi tão importante para Timóteo quanto
o foi para Paulo. O fato de Paulo referir-se três vezes a este assunto em suas
duas cartas a Timóteo (escritas aproximadamente 15 anos mais tarde) é indício
certo.
4. O
mais fácil ou o melhor.
Para Timóteo, seria mais fácil ficar em Listra com a mãe e a avó. Porém, ao
examinar o de que ele precisava para a vida, evidenciava-se que as suas
necessidades se harmonizavam com a necessidade de Paulo ter um ajudante com as
suas qualificações.
Mas, quanto ao futuro incerto como
companheiro de Paulo? E os possíveis sofrimentos e privações? Timóteo provavelmente
se convenceu de que podia enfrentar tais problemas se ele tivesse certeza de
estar agindo de conformidade com a vontade do Senhor.
Preparação
para uma viagem missionária
Antes de partir, Timóteo foi
circuncidado. Isso tem levantado algumas indagações, em face da longa e emotiva
carta de Paulo para estes mesmos gálatas dizendo que a circuncisão não era
necessária. Na realidade, ele e Silas naquele momento levavam cartas do
concílio de Jerusalém para as diversas igrejas dizendo a mesma coisa (Atos
15:24).
Podemos pensar que não faz sentido Paulo
circuncidar Timóteo até nos lembrarmos de que Timóteo era judeu. Nessa viagem
missionária ele estaria ministrando em sinagogas judaicas; se ele fosse
incircunciso, o seu ministério seria grandemente limitado.
Foi isso que Paulo quis dizer quando
falou em tornar-se todas as coisas para todos os homens de modo a ganhar
alguns. Ele não estava falando em deturpar o evangelho ou em suavizá-lo para
que se tornasse mais agradável. Ele estava falando que não deixaria coisa
alguma interferir na apresentação poderosa e eficiente do evangelho.
Não sei o que Paulo disse a Timóteo
sobre a viagem a ser feita, ou sobre a data em que voltaria a ver Eunice e Lóide.
Parece que Paulo e Silas pretendiam viajar no sentido dos ponteiros do relógio,
começando em Listra e daí a toda a Ásia Menor.
O continente asiático vai do Japão,
passando pela China e Índia, até a Turquia. Às vezes a Turquia recebe a
denominação de Ásia Menor, e é esta área que consideraremos neste capítulo. Esta
região, que tem cerca de 800 km de leste a oeste e uns 480 km de norte a sul,
compunha-se nos tempos bíblicos de diversas províncias romanas. Algumas das
quais eram: Cilicia, Galácia, Bitínia e também a Ásia. A Ásia era a província
romana mais a oeste da Ásia Menor, a qual, por sua vez, era a região oeste mais
afastada do continente asiático. Portanto, havia três Ásias: 1. A província da
Ásia, cuja capital era Éfeso; 2. A área conhecida como Ásia Menor, que hoje
chamamos de Turquia; 3. O grande continente asiático que vai do Japão à
Turquia.
Começada
a viagem
Como já foi dito, o plano de Paulo era
evangelizar a região conhecida como Ásia Menor. Mas parece que nada saiu de
acordo com o seu plano.
Alguns dizem que a pessoa que segue a
orientação de deus jamais será confundida. Acho, porém, que Paulo, Silas e
Timóteo ficaram bastante confusos com tantas paradas e partidas.
É provável que tudo tenha corrido bem
nas primeiras duas cidades. Paulo havia trabalhado em Iônio e Antioquia da
Pisídia antes e não resta dúvida de que as revisitou primeiro. Então vieram os
problemas.
Dessa região, a equipe de missionários
poderia ter seguido para a esquerda, visitando as cidades maiores, visitando as
cidades maiores, tais como Éfeso, Colossos, Hierápolis, Laodiceia e Esmirna na
província da Ásia. Mas, parece que mesmo antes de deixar Listra, eles receberam
orientação do Senhor para não irem naquela direção. A filosofia missionária de Paulo
era trabalhar nas cidades grandes primeiro, de modo que ele deve ter ficado
bastante perplexo por deus não ter desejado que ele levasse o evangelho a
Éfeso.
Como discípulo jovem, Timóteo deve ter
observado com admiração, enquanto Paulo e Silas determinavam a vontade de Deus
quanto ao lugar em que deviam trabalhar. Parece que Paulo sempre tinha um
plano, uma estratégia. Entretanto, com a sua estratégia, estava a consciência
de que nem sempre os seus caminhos eram iguais aos caminhos de Deus. Era preciso
que Paulo fosse flexível e sensível à liderança do Espírito Santo.
Embora a Bíblia não diga qual era o
primeiro plano de Paulo, acho que era ir tão diretamente, quanto possível a Éfeso,
que devia ter uma população de aproximadamente 5000.000 habitantes. Perto de
Éfeso ficavam Esmirna e Pérgamo, com quase 200.000 habitantes cada uma. Havia 500
cidades na província da Ásia e alguns cálculos apresentam uma população de 4,6
milhões em toda a província. Não é de admirar que Paulo quisesse ir até lá.
Mas, eles “foram impedidos pelo Espírito
Santo de pregar a Palavra na Ásia” (Atos 16:6). Não foi dada explicação alguma.
Também não há explicação de como Paulo
recebeu a mensagem. É possível mais uma vez tenha vindo por intermédio de
Silas, o profeta.
O segundo plano de Paulo aparentemente
era abrangera a parte central da Ásia Menor. Mas até mesmo este plano teve alguns
problemas. E o “Espírito de Jesus não permitiu” que prosseguissem nessa direção
(Atos 16:7).
Frustração
e confusão
Enquanto Paulo, Silas e Timóteo se
defrontavam com esta cadeia de acontecimentos frustradores e confuso, a
sabedoria do plano de Deus não era tão evidente. Haviam andado aproximadamente
400 km, às vezes por terrenos montanhosos, nem sempre sabendo ao certo para
onde iam, sendo que em alguns momentos cruciais foram proibidos de pregar o
evangelho.
Muitos cristãos defrontam-se com o
tipo de incerteza enfrentada por Timóteo. Para cada caminho que se voltam, Deus
parece dizer: “Ainda não”, e não tem uma direção clara sobre o que devem fazer.
O melhor conselho é “espere”, como
Timóteo fez. A orientação virá. Enquanto isso, faça seus planos estratégicos,
como Paulo fez. Continue andando. Você pode estar-se dirigindo para Éfeso
quando Deus diz: “Não.” Talvez você não entenda por que Deus não quer que você
evangelize uma das maiores cidades do mundo. Mas, não fique parado nem se
irrite. Continue em ação. Desenvolva outro plano. Deus pode até frustrar este
novo plano. Talvez ele não queira que você vá a Bitínia. Mas não se desanime.
O pior de tudo é quando Deus parece
colocar-nos de lado e proibir que preguemos a Palavra durante certo tempo. Será
possível que seja essa a vontade de Deus? Aconteceu assim com Paulo.
Portanto, continue agindo. Continue subindo
as montanhas de Mísia, que finalmente chegará a Trôade.
Chegar a Trôade era equivalente a ir
de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a Manaus, no Amazonas. Tarso, a cidade
natal de Paulo, e Antioquia da Síria, onde ficava a igreja de Paulo, estavam na
parte mais afastada do sudeste. Trôade estava na parte mais afastada do
noroeste.
William Ramsey escreve: “O
desenvolvimento natural do trabalho de Paulo ao longo da rota central do Império
foi proibido, e a alternativa pensada por ele foi proibida também; ele foi levado
a atravessar a Ásia do extremo sudeste para a região afastada do extremo
noroeste, e ainda impedido de lá pregar; tudo parecia sombrio e complicado até
que finalmente a visão em Trôade explicou o propósito desta estranha jornada.”
Alexander Maclaren escreve: “Deus
muitas vezes submete a provações a nossa paciência e a nossa docilidade
tornando muitíssimo claro o que não devemos fazer, e deixando-nos completamente
às escuras quanto ao que devemos fazer. É preciso muita fé para aceitar tal
disciplina.”
Trôade era um agradável lugar para se
visitar, mas não para morar. Era um porto marítimo próximo do lugar da
legendária Tróia, cenário da Ilíada
de Homero.
Quando Paulo e seus companheiros
chegaram a Trôade, tinham pela frente o Mar Egeu. Parecia-lhes que a única
saída seria voltar pelas montanhas da Mísia, em direção à Galácia para lá
deixar Timóteo, indo depois á Antioquia da Síria para dar o relatório à
igreja-mãe. Mas, nesse caso, qual era o propósito de Deus em tudo isso? Por que
Deus os havia trazido nesta viagem absurda e infrutífera?
A
visão do varão macedônio
Então aconteceu o que e conhecido como
a Visão do Varão Macedônio. Paulo teve uma visão, na qual um varão macedônio
dizia-lhe: “Passa a Macedônia, e ajuda-nos.”
Era isso o que os missionários
aguardavam. Imediatamente, começaram a fazer as malas. Depois de andarem sem
rumo por várias semanas, agora não perdiam tempo em seguir a direção que lhes
fora indicada.
É interessante notar que, embora fosse
Paulo quem tivesse tido a visão, a decisão de partir foi tomada em conjunto:
Paulo, Silas, aparentemente Lucas, e até mesmo Timóteo (Atos 16:10). As semanas
de incerteza haviam feito de Paulo, Silas e Timóteo uma equipe unida.
E Timóteo? Estava ele disposto a
atravessar o Mar Egeu e começar um novo ministério? Isto poderia acarretar mais
tempo distante do lar e dos seus queridos.
Sim, era bem mais do que Timóteo tinha
em mente quando saiu de casa. Mas, agora fazia parte da equipe e não podia
desistir.
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