sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Cap. 9 - Timóteo como Irmão

Cap. 9

Timóteo como Irmão

Que pena não haver telefone nos dias de Paulo! Se houvesse, ele não teria precisado escrever tantas cartas compridas. Pense no tempo que Timóteo teria economizado; levava-se seis semanas para percorrer 1600 km.
Mas que enorme conta telefônica teria Paulo todos os meses! Ele estaria sempre ao telefone conversando com Epafrodito, ou Árquipo, ou Tito, ou Aristarco ou com qualquer outro obreiro.
A preocupação de Paulo por todas aquelas igrejas, ainda tenras, era igual a de uma mãe cujos quatro filhos adolescentes estejam passando o verão em quatro lugares diferentes do país. Ele gostaria de estar nos quatro lugares ao mesmo tempo. Nunca a preocupação de Paulo foi mais evidente do que nos anos 60 e 62 da era cristã, quando ele estava preso em Roma. Mas, estamos nos adiantando.
Conforme nos lembramos, Paulo ficou preso em Cesaréia. A história dramática de como ele apelou para César (que era o próprio Nero) a fim de obter um julgamento encontra-se no livro de Atos. Como cidadão romano, ele tinha tal direito; portanto, depois de dois anos de confinamento em Cesaréia (o Governador Félix alimentava esperanças de ganhar propinas de Paulo, e por essa razão não estava com pressa), Paulo foi enviado de navio para Roma. No trajeto, ele sofreu um naufrágio, durante o qual os relatórios do seu caso provavelmente se perderam no mar. Finalmente, ele acabou chegando a Roma na primavera do ano 60, e foi desde logo posto em uma prisão domiciliar enquanto esperava o julgamento.
Timóteo permaneceu em Cesaréia, mas três anos mais tarde ele apareceu em Roma. Não há notícias das suas atividades nesse ínterim; tudo o que podemos fazer é imaginar algumas probabilidades.
Conhecendo as reações de Timóteo, é bem possível que ele e talvez outro delegado. Tíquico, natural de Éfeso, tenham ficado em Cesaréia tanto tempo quanto possível. Quando souberam que Paulo havia apelado para Cesar em Roma, compreenderam que não havia mais nada a ser feito por ele na Palestina. Pode até ser que tenham seguido para Roma por via terrestre, visitando as novas igrejas por onde passavam e rogando que orassem por Paulo.
Lucas e Aristarco, como já dissemos, ficaram com Paulo, ajudando-o, e foi-lhes permitido que tomassem o malfadado navio com Paulo.  É provável que Timóteo tivesse ficado feliz em embarcar naquele navio. Mas ninguém conhecia as igrejas tão bem quanto ele, portanto era natural que Timóteo fosse o encarregado de notificar aos respectivos cristãos o que estava ocorrendo. É bem possível que o próprio Paulo tivesse despachado Timóteo e Tíquico para aquela missão.
Se a minha suposição for correta, Timóteo e Tíquico visitaram as igrejas da Galácia, incluindo Listra, a cidade natal de Timóteo, onde ele passou uma temporada com a mãe já velha. Foram provavelmente a Colossos, uma igreja não fundada por Paulo, mas já visitada por Timóteo; daí devem ter seguido para Éfeso, cidade natal de Tíquico, depois Trôade e Filipos, onde teriam alertado os cristãos sobre a necessidade de orar por Paulo. De Filipos, devem ter seguido pela Via Inácia, parando, é claro, em Tessalônica e Beréia, antes de atravessar o Mar Adriático e tomar a Via Ápia em direção a Roma.
Tudo isso não passa de conjetura, mas faz sentido. De qualquer maneira, sabemos pelas epístolas que Timóteo e Tíquico, que foram visto pela última vez em Jerusalém aproximadamente no ano 58, estavam em Roma por volta do ano 61 junto com Lucas, Aristarco e, é claro, Paulo.
Timóteo devia estar nos seus 30 e Paulo nos seus 60 anos.
Nessa ocasião, Timóteo já conhecia bem diversas cidades grandes. Éfeso, Corinto, Tessalônica eram cidades de 200.000 habitantes ou mais. Mas Roma era diferente. Uma cidade com uma população de 1.200.000 pessoas, das quais umas 400.000 eram escravos, e com uma população judaica de aproximadamente 50.000 (é possível que houvesse em Roma tantos judeus quantos em Jerusalém), Roma tinha muitos dos mesmos complexos problemas urbanos dos tempos atuais. O seu maior problema era a poluição; habitação urbana era outro problema. Tinha apartamentos em prédios altos (se é que se pode chamar de prédio alto um que tenha seis andares), e uma completa variedade de acontecimentos atléticos e espetáculos para divertir o  povo. Além de tudo isso, a cidade desenvolvia-se com rapidez num estado altamente socializado.

Paulo como prisioneiro

Portanto Roma era uma cidade assaz singular para a sua época. E Paulo era também um prisioneiro singular. Ele não estava acorrentado num cubículo nessa ocasião (isso viria mais tarde), mas tinha sua própria casa alugada. Entretanto, estava sob guarda constante dos soldados selecionados do imperador. Por uma razão ou outra, muitos dos amigos de Paulo vieram a Roma e parecia haver um contínuo fluxo de visitantes.
Mas era incômodo estar acorrentado a um soldado; e para Paulo, que ainda queria fazer tantas coisas e visitar tantos lugares, era um sofrimento ficar confinado numa casa. Estava impaciente por comparecer perante Nero.
Uma destas três coisas pode ter sido a causa do atraso do comparecimento de Paulo perante o tribunal: 1) visto que os relatórios do seu caso provavelmente se perderam no mar, os funcionários precisaram escrever a Cesareia pedindo novos relatórios; 2) a agenda tinha outros casos a serem ouvidos em primeiro lugar; ou 3) é possível que estivessem esperando pelos perseguidores (os líderes judeus de Jerusalém) para formalizar a queixa contra Paulo.
Pensar-se-ia que Paulo, tendo uma relativa liberdade, regozijar-se-ia ministrando aos cristãos de Roma. Mas, francamente, os cristãos romanos foram um desapontamento para ele.
O Cristianismo chegou a Roma por meio de judeus desconhecidos convertidos uns 30 anos antes, e tinha crescido em desordem. Parece que lhes faltava organização, algo de que Paulo fazia questão nas igrejas por ele fundadas. Havia muitas igrejas independentes em Roma. Parece que algumas se ressentiam da presença de Paulo na sua cidade; afinal de contas, pode ser que algumas já tivessem existido antes mesmo da conversão de Paulo. Outras o ignoravam. Nero estava começando a mostrar o seu verdadeiro caráter, e parecia prudente não confraternizar com aqueles que estavam aprisionados. Havia, entretanto, algumas igrejas que apreciavam Paulo.
Embora os contatos de Paulo com a igreja romana fossem esparsos, o que lhe trazia profunda decepção, seus contatos com os melhores soldados de Nero foram abundantes. Havia sempre um soldado na outra extremidade da corrente.
William Barclay diz: “Que maravilhosa oportunidade! Estes soldados ouviam Paulo pregar e falar com os seus amigos. Poderá alguém pensar que Paulo, durante as longas horas do dia, deixassem de falar sobre Jesus com o soldado ao qual estivesse acorrentado? O aprisionamento de Paulo abriu uma porta para a pregação do evangelho ao melhor regimento do exército romano, a Guarda Imperial.”
Os soldados devem ter ficado impressionados, não somente com a mensagem de Paulo, mas também com o seu método. Eles estavam acostumados a receber ordens dos seus oficiais superiores, e, deve ter-lhes parecido que o apóstolo Paulo era um oficial superior naquilo que lhe competia. Timóteo, Tíquico, Aristarco, Lucas, Marcos, Epafras e outros vinham apresentar o seu relatório a Paulo na sede do comando, e eram então despachados em missões, como soldados, para cumprir as ordens de Paulo a centenas de quilômetros de distância, era uma operação eficiente no estilo militar.
Parece que Timóteo, logo após a sua chegada ao quartel-general da prisão de Paulo, foi posto a trabalhar. Talvez por causa dos problemas das vistas, Paulo preferia não escrever as suas cartas de próprio punho, e seus auxiliares faziam também o papel de secretários. Provavelmente, Timóteo já havia sido o secretário de Paulo na Segunda Epístola aos Coríntios; em Roma, parece que Timóteo se tornou o amanuense responsável pela escrita de diversas outras epístolas.
O nome de Timóteo está no começo de três epístolas escritas por Paulo na prisão: aos Colossenses, a Filemon e aos Filipenses. Isto não quer dizer, necessariamente, que foi Timóteo o amanuense; muitos estudiosos acham, contudo, que é bastante provável. A única epístola escrita na “prisão” que não tem o nome de Timóteo é a dirigida aos efésios, uma carta escrita num estilo diferente, embora uma parte do conteúdo seja semelhante à epístola aos Colossenses. É bem possível que Lucas tenha sido o secretário naquela carta aos efésios antes de Timóteo chegar a Roma.
Há algo relacionado cm Timóteo em cada uma destas epístolas.

Igreja de Colossos

Colossos era uma pequena cidade a 160 km de Éfeso. Era conhecida pelos seus terremotos e pela sua indústria de lã e corantes. É possível que o Novo Testamento não lhe desse muita atenção, se não fosse pelo fato de a igreja ter um problema.
Epafras, que parece ter se convertido por intermédio do ministério de Paulo em Éfeso, foi o fundador da igreja, embora Timóteo possa também ter contribuído para isso.
Quando a dificuldade surgiu em Colossos, Epafras foi o intermediário ele tentou resolver aquela dificuldade, mas parece que não foi bem-sucedido. Preocupado e sentindo-se incapaz de lidar com a situação, pediu auxílio a Paulo.
(Naquela época houve um terremoto em Colossos, o que pode ter sido outra razão para a viagem de Epafras a Roma.)
A igreja de Colossos tinha misturado um pouco do legalismo judaico com o dualismo filosófico grego e ainda com as ciências ocultas dos efésios. Era uma confusão generalizada.
Embora fosse uma igreja pequena e não tivesse sido fundada por Paulo, o apóstolo tinha profundo interesse pelo seu bem-estar. Assim, sob a inspiração do espírito Santo, ele escreveu uma calorosa, mas muito profunda epístola àquele grupo.
Começou assim: “Paulo, apóstolo e Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo” (Colossenses 1:1).
Paulo deu diversos títulos a Timóteo: filho, cooperador, servo, discípulo, mas na maioria das vezes chamou-o de irmão.
E a razão por chamá-lo mais frequentemente de irmão, é que era assim que as igrejas se referiam a ele. Timóteo havia desenvolvido um relacionamento fraterno com as igrejas, relacionamento este impossível de ser conseguido por Paulo. Paulo era o apóstolo, a figura de autoridade. Era a imagem do pai; Timóteo, a imagem do irmão, aquele que ficava lado a lado com eles. Paulo parecia conhecer todas as respostas; Timóteo procurava as soluções junto com eles. Enquanto os colossenses conheciam Paulo apenas de nome, tudo faz crer que a designação irmão indique um conhecimento mais íntimo com Timóteo.
Barclay diz: “A prioridade no serviço cristão é a habilidade de dar-se bem com todas as pessoas. Timóteo não é descrito como o regador, o professor, o teólogo ou o administrador, mas como o irmão. Aquele que se distancia dos outros jamais pode ser um verdadeiro servo de Jesus Cristo.”
Há necessidade urgente de irmãos nos dias de hoje. Ouve-se com frequencia que a igreja precisa de mais missionários, pastores, professores, e outros obreiros. Mas nestes dias de solidão e de falta de amizade, uma das maiores carências é a de irmãos.
Paulo dirigiu-se aos colossenses como irmãos e como santos. Como santos, porque eram pessoas especiais, selecionadas e postas à prova por Deus. Como habitantes de Colossos, eles podiam sentir-se insignificantes, apenas fazendo parte de uma das três cidades (Laodiceia, Hierápolis e Colossos), sendo que esta cidade sempre era mencionada em último lugar.
Além de serem santos, eram irmãos; irmãos para o irmão Timóteo, irmãos uns para com os outros, e eram também irmãos para todos os cristãos espalhados pelo império romano. Podiam ter-se sentidos isolados nas águas paradas do Vale do Lico, mas Paulo afirmou que eram membros da família de Deus, uma família não provinciana, uma família que transcedia fronteiras nacionais.
Sim, eles eram de Colossos, mas eram também de Cristo. Além de santos, eram irmãos.

Filemom

A igreja de Colossos reunia-se na casa de um membro rico chamado Filemom, um homem mais ou menos da idade de Paulo. O seu escravo Onésimo fugira pra Roma e, não se sabe como, encontrou-se com Paulo.
Acontece que Onésimo, cujo nome significa “lucrativo ou útil”, logo tornou-se cristão e também um servo útil para Paulo. Enquanto Onésimo aprendia da fé cristã, Paulo se beneficiava dos seus serviços.
Daí o dilema. Os companheiros de Paulo iam e vinham o tempo todo. Seria altamente vantajoso ter alguém permanentemente ao lado de Paulo. Mas como escravo, Onésimo ainda pertencia a Filemom em Colossos, o líder da igreja colossense.
Hoje resolveríamos o problema raciocinando que, sendo a escravidão errada, Onésimo podia ficar em Roma. Mas, nos dias de Paulo, isso não era tão simples. Paulo tinha de pensar no que era melhor para Filemom e no que era melhor para Onésimo.
Deste modo, Paulo fez o que tinha de fazer. Pediu a Timóteo que pegasse a tinta e a pena, e ditou uma pequena carta ao seu amigo Filemom.
São apenas 25 versículos, mas é uma das cartas mais calorosas do Novo Testamento. À medida que a gente a lê, não tem dúvida do quanto Paulo se preocupava com o bem-estar de Filemom e de Onésimo.
E a escravidão? Como podia Paulo ignorar os seus males?
Reste atenção ao modo pelo qual Paulo escreveu. Começou referindo-se a si próprio, não como apóstolo como fez ao dirigir-se à igreja colossense, mas como prisioneiro, que era justamente a situação em que devia se encontrar um escravo fugitivo. Mencionando Timóteo na saudação, chamou-o de irmão, mas a palavra tem aqui uma conotação especial.
Paulo usou a palavra irmão referindo-se a Filemom também. Na realidade, chamou-o de meu amado irmão.
Legalmente, Filemom podia fazer o que quisesse com um escravo fugitivo. Podia até mandar matar Onésimo. Naquela sociedade, escravo não era gente.
Paulo sabia disso. Claro que Onésimo também. Então Paulo pediu a Filemom um pequeno favor. Que recebesse Onésimo de volta como servo e como irmão amado.
Quando Paulo acabou de ditar a carta, ele tinha chamado Timóteo de irmão, Filemom de irmão amado, e também o escravo Onésimo de irmão caríssimo.
Não parece uma família feliz?
E pode existir escravidão dentro de uma família feliz?
Lembremo-nos de que o filho pródigo pediu para voltar à casa paterna como escravo. Mas o pai matou um novilho cevado e pôs-lhe um anel no dedo.
Enquanto Timóteo escrevia a carta, deve ter pensado na transformação de sua própria vida. Timóteo não podia vangloriar-se de dons espetaculares. Mas, ao tornar-se filho de Deus pela fé em Jesus Cristo, tudo mudou. Tornou-se parte da vasta e sempre crescente irmandade. Ele, como Onésimo, tinha-se transformado num irmão amado.
Tendo já ditado as duas epístolas, Paulo chamou Tíquico pediu-lhe que acompanhasse Onésimo e levasse as duas cartas para Colossos. Tíquico levou a carta aos efésios (a qual pode ter sido uma carta circular endereçada a outras igrejas da área bem como a Éfeso) na mesma ocasião.

Igreja de Filipos

Embora a vida numa casa alugada fosse bem melhor do que numa prisão romana, certamente as despesas eram bem maiores. E era impossível Paulo fabricar  tendas com um soldado romano acorrentado ao seu braço. De onde concluímos que ele deve ter tido problemas financeiros.
Foi nessa altura que Epafrodito chegou. Nem parecia o homem que Paulo e Timóteo haviam conhecido como pastor da igreja de Filipos. Obviamente, Epafrodito estava muito doente. Talvez ele tivesse apanhado malária na região pantanosa ao sul de Roma.
Epafrodito trouxe um presente; os cristãos de Filipos gostavam de levantar ofertas. Já tinham mandado uma oferta de amor para Paulo quando este estava em Tessalônica e outra quando em Corinto. Participaram também do Fundo de Assistência para os Cristãos de Jerusalém, e agora de novo contribuíam para os gastos pessoais de Paulo. Este ficou extremamente grato.
Durante as semanas seguintes, Epafrodito recuperou a saúde.  Paulo mandou seus cooperadores para diversas localidades. Provavelmente Lucas e Aristarco, que permaneceram ao lado de Paulo durante o naufrágio e durante o seu aprisionamento em Cesaréia e agora em Roma, também receberam missões. Timóteo, porém, ficou com Paulo enquanto o apóstolo esperava que o seu caso fosse apresentado ao tribunal, espera que se esticava mais e mais.
Paulo pediu a Timóteo que o ajudasse com outra carta, desta vez para agradecer aos filipenses sua generosa dádiva, e para fazê-los ciente e como ia Epafrodito. O objetivo de Paulo nesta carta foi partilhar com os filipenses suas próprias emoções e por em ordem alguns problemas de menor importância, além de indicar alguns pontos perigosos que ele havia notado na igreja de Filipos. Comparada com a Segunda Epístola aos Coríntios, esta foi uma carta fácil de escrever.
Podemos imaginar que Paulo tenha se lembrado dos dias que passou em Filipos com Silas e Timóteo 12 anos antes. Deve ter se lembrado de Lídia, mulher de negócios, sua primeira convertida, e também da garota possessa pelo demônio que os acompanhava gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo!”
Servos. E foi como servo que ele começou a epistola. Escrevendo a outras igrejas, Paulo tinha muitas vezes de lembrar-lhes ser ele o apóstolo, aquele que escrevia com autoridade. Para os filipenses, orgulhosos de sua cidadania numa colônia romana, e orgulhosos de sua tradição na cidade histórica, pareceu-lhe apropriado começar: “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus” (Filipenses 1:1).
Nada mais. Somente servos. Era o título que Paulo e Timóteo haviam recebido da jovem escrava endemoninhada.
Paulo e Timóteo regozijavam-se pela maneira com que os cristãos filipenses tornaram-se parceiros no evangelho “desde o primeiro dia até agora” (Filipenses 1:5) os cristãos filipenses não se contentaram em ser apenas convertidos; eles tinham se tornado parceiros desde o dia em que Lídia franqueou o lar aos quatro missionários. O coração generoso de Lídia estabeleceu um padrão que os cristãos de Filipos continuaram a seguir. A sua fama era de contribuírem com freqüência e generosidade para o ministério de Paulo e Timóteo (Filipenses 4:14-19). Mas a sua generosidade era mais do que fazer o bem. Eles eram parceiros, companheiros do mesmo jugo (companheiros de escravidão) no ministério de Paulo. Em conseqüência, oravam por ele.
Por certo Paulo lembrou-se de quando, junto com Silas, oravam na prisão de Filipos, enquanto Timóteo e os recém-convertidos cristãos oravam reunidos na casa de Lídia. Deus operou por meio de um terremoto, a fim de cumprir o seu propósito naquela hora. Um carcereiro foi salvo e logo depois a sua família, vindo eles engrossar as fileiras da novel igreja de Filipos.
Agora Paulo se encontrava de volta na prisão, e os seus carcereiros estavam sendo salvos (Filipenses 1:12-13); Deus estava cumprindo os seus propósitos para o bem da igreja (Filipenses 1:14). Mais uma vez Paulo se regozijava (Filipenses 1:18). Mais uma vez, os filipenses oravam do lado de fora, a 1600 km de distância, e Paulo orava do lado de dentro da prisão (Filipenses 1:9). Tendo tais cristãos como parceiros, não é de admirar que Paulo estivesse certo de que Deus mais uma vez faria com que todas as coisas cooperassem para o bem.
A notícia do progresso da igreja trazida pelo seu pastor Epafrodito era realmente boa. Não havia motivo para repreensão, embora houvesse alguns problemas, tais como a tendência ao orgulho.
A igreja filipense precisava de modelos de humildade.
É claro que o maior modelo de humildade é o próprio Jesus Cristo, que deixou as glórias do céu para vir à terra, onde se fez servo (aqui está a palavra novamente) e morreu na cruz, morte de pessoa criminosa.
Se os cristãos manifestassem tal humildade em Filipos, ou em qualquer outro lugar, não haveria divisões na igreja. Humildade e amor são os componentes que unem a igreja.
Mas quais os exemplos que Paulo podia apresentar aos filipenses? Afinal de contas, entende-se esta virtude muito melhor quando demonstrada em vez de apenas relatada.
Quais exemplos? Havia um sentado ali á sua frente. Timóteo.
Paulo disse aos filipenses que logo mandaria Timóteo visitá-los. E acrescentou: “Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide de vossos interesses” (Filipenses 2:20). E Paulo ainda acrescentou esta melancólica sentença: “pois todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus” (Filipenses 2:21).
Um dos propósitos da prometida vista de Timóteo era levar aos filipenses as últimas notícias do julgamento de Paulo. Mas o outro propósito era ministrar-lhes.
Paulo disse não haver pessoas de “igual sentimento” ao de Timóteo. Mas Timóteo era igual a quem?
Esta pergunta tem dado aos comentaristas o que pensar.
É claro que Timóteo pensava como Paulo. Haviam passado tanto tempo juntos que Timóteo era quase o prolongamento de Paulo Timóteo estava tão preocupado com os filipenses quanto Paulo. “Portanto, ele é a pessoa adequada para o caso” ,diz o comentarista William Hendriksen. “Sim, vocês podem ficar certos de que Lee sinceramente se interessará pelo seu bem-estar.”
Além disso, Timóteo tornara-se alguém que pensava como o Senhor Jesus cristo. Paulo incitou os filipenses a terem todos o mesmo sentimento (Filipenses 2:2) e também o mesmo sentimento de Cristo, especialmente com referência à humildade (2:5-8). Paulo devia estar usando o mesmo raciocínio quando de novo emprega a palavra sentimento um pouco depois (2:20).
Em verdade, estas referências revelam três coisas a respeito de Timóteo: o seu interesse estava voltado para Paulo; o seu interesse estava voltado para os filipenses; o seu interesse estava voltado para Jesus Cristo.
Era esta a solução. Na realidade, quando Paulo escreveu esta epístola, não havia pessoa alguma ao seu redor que possuísse essas três qualidades. Havia milhares de cristãos em Roma naquela época, mas todos pareciam preocupados com os problemas do viver diário. Paulo não podia contar com eles para aquela missão.
O segredo do sucesso de Timóteo é que ele punha os interesses de Jesus Cristo acima dos seus próprios interesses. Não é de admirar que deus o achasse tão útil.
Timóteo, como você já deve ter concluído, era um indivíduo comum. Não possuía dons extraordinários, nem demonstrava coragem excepcional. Apenas colocava os interesses de Jesus Cristo acima dos seus próprios interesses. Qualquer pessoa pode fazer isso.

Assim que a carta foi terminada, Epafrodito levou-a a Filipos. É provável que Paulo tenha sido libertado no ano 62,e que logo em seguida Timóteo tenha ido a Filipos compartilhar as boas notícias com a igreja que orava.

Um comentário:

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